O capacitismo é um conceito fundamental para compreender as dinâmicas sociais e históricas que permeiam a vida das pessoas com deficiência. Trata-se da discriminação e preconceito social contra pessoas com deficiência, baseados na ideia de que a deficiência é uma inferioridade, e que a “norma” é a ausência de deficiência.
Assim, essa discriminação vai além do indivíduo, permeando estruturas, atitudes e o próprio imaginário social, impactando diretamente a autonomia, os direitos e a dignidade de milhões de brasileiros.
Então, compreender o capacitismo e suas nuances é crucial para a construção de um repertório sociocultural para a redação do ENEM robusto e crítico, permitindo que você aborde temas relacionados à inclusão, direitos humanos, desigualdade social e acessibilidade de forma aprofundada e consciente.
O que é capacitismo? Entendendo o conceito e suas raízes
O termo capacitismo vem ganhando relevância para descrever um tipo de opressão estrutural. Sua origem remonta aos movimentos pelos direitos das pessoas com deficiência, visando nomear e combater a forma como a sociedade opera sob a premissa de um corpo e mente “ideais”.
Desse modo, isso gera barreiras físicas, atitudinais e comunicacionais que impedem a plena participação das pessoas com deficiência.
Historicamente, a deficiência foi tratada sob um modelo médico, que via a condição como uma doença a ser curada ou um “problema” individual.
Contudo, o modelo social da deficiência, adotado pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) da ONU, de 2006, redefine a deficiência como resultado das barreiras impostas pela sociedade, e não da condição física ou mental em si.
Além disso, essa mudança de perspectiva é essencial para entender que o capacitismo é uma questão social e política, não meramente individual.
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Manifestações do capacitismo no cotidiano brasileiro
O capacitismo se manifesta de diversas formas, muitas vezes sutis, mas sempre prejudiciais. Identificá-las é o primeiro passo para combatê-las e para usá-las como exemplos concretos na sua redação do ENEM:
- Capacitismo atitudinal: são as ações e comportamentos preconceituosos. Exemplo: falar mais alto com uma pessoa cega, assumir que alguém em cadeira de rodas não é capaz de trabalhar, ou infantilizar adultos com deficiência.
- Capacitismo verbal: uso de expressões e termos que reforçam estereótipos negativos. Exemplo: “você é cego?”, “não seja manco”, “isso é um absurdo”, “retardado”. Embora algumas dessas expressões sejam comuns no dia a dia, seu uso é problemático por associar condições de deficiência a algo negativo.
- Capacitismo estrutural/sistêmico: refere-se às barreiras presentes nas instituições e na própria sociedade. Exemplo: falta de rampas de acesso, transportes públicos inacessíveis, currículos escolares que não contemplam a diversidade, processos seletivos de empresas que excluem pessoas com deficiência, ou a invisibilidade de pessoas com deficiência na mídia.
- Baixa expectativa: assumir que uma pessoa com deficiência tem pouca capacidade para realizar tarefas ou alcançar objetivos, assim, limitando suas oportunidades e potencial.
Dados e estatísticas: o capacitismo em números no Brasil
Para fortalecer seus argumentos, é fundamental recorrer a dados concretos. O Brasil, segundo o Censo 2010 do IBGE, possuía mais de 45 milhões de pessoas com deficiência, o que representava aproximadamente 23,9% da população.
Embora o Censo 2022 ainda esteja consolidando os dados sobre deficiência, a relevância numérica é inegável.
- Mercado de Trabalho: A taxa de participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é significativamente menor do que a de pessoas sem deficiência. Muitas empresas não cumprem a Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91), que obriga a contratação de um percentual mínimo de pessoas com deficiência. [1]
- Educação: Apesar dos avanços na educação inclusiva, barreiras físicas e pedagógicas ainda dificultam o acesso e a permanência de estudantes com deficiência nas escolas e universidades.
- Acessibilidade: Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 indicaram que apenas uma pequena porcentagem dos domicílios brasileiros tem adaptações para pessoas com deficiência, refletindo a falta de infraestrutura acessível nas cidades.
Conectando o Capacitismo a diferentes áreas:
Utilize a seguinte lista de repertórios para enriquecer sua redação, conectando o capacitismo a diversas áreas do conhecimento:
1. Filosofia e Sociologia:
- Michel Foucault: suas análises sobre as instituições de controle e a normalização dos corpos podem ser usadas para discutir como a sociedade categoriza e exclui aqueles que não se encaixam em padrões de “normalidade” física e mental. O conceito de biopoder e disciplina social é relevante.
- Zygmunt Bauman: a “modernidade líquida” pode ser aplicada para abordar a fragilidade das relações e a invisibilidade das minorias, incluindo as pessoas com deficiência, em uma sociedade que valoriza a velocidade e a descartabilidade.
- Jürgen Habermas: a teoria da ação comunicativa pode ser usada para discutir a falta de diálogo e o silenciamento das vozes das pessoas com deficiência, impedindo a construção de um consenso social sobre a inclusão.
- Erving Goffman: a ideia de estigma social é central para analisar como a deficiência é frequentemente associada a rótulos negativos, levando à discriminação e ao isolamento.
2. Legislação e Direitos:
- Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Lei nº 13.146/2015): essencial para citar na proposta de intervenção. Ele garante os direitos e a inclusão das pessoas com deficiência, abordando acessibilidade, saúde, educação, trabalho, entre outros. O artigo 4º, por exemplo, define a deficiência e o capacitismo.
- Constituição Federal de 1988: itar o artigo 5º, que garante a igualdade de todos perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, é fundamental. O artigo 203, que prevê a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice e às pessoas com deficiência, também é relevante.
- Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006): ratificada pelo Brasil, esta Convenção é um marco global que redefiniu a deficiência e defende a inclusão plena.
3. Exemplos Históricos e Sociais:
- Movimento pelos Direitos das Pessoas com Deficiência: Inspirado em outros movimentos sociais, como os de direitos civis e feministas, ele buscou a autonomia e a participação plena das pessoas com deficiência, resultando em legislações e avanços.
- A Inclusão nas Olimpíadas e Paralimpíadas: O evento é uma vitrine para a capacidade atlética das pessoas com deficiência, desafiando estereótipos e promovendo a quebra de paradigmas.
- Tecnologias Assistivas: O avanço da tecnologia tem papel fundamental na promoção da inclusão, como aplicativos de leitura para cegos, cadeiras de rodas motorizadas, próteses avançadas, etc. A discussão pode ser sobre o acesso desigual a essas tecnologias.
Como aplicar o Capacitismo na redação do ENEM?
Usar o repertório sobre capacitismo de forma eficaz no ENEM exige estratégia. Veja como:
Na Introdução:
- Contextualização: Inicie apresentando a problemática do capacitismo no Brasil, utilizando um dado, uma citação ou uma breve contextualização histórica.
- Tese: Apresente sua tese, deixando claro seu posicionamento sobre as causas e/ou consequências do capacitismo na sociedade.
- Exemplo: “Apesar dos avanços legislativos, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência, o capacitismo persiste como uma chaga social no Brasil, revelando a urgência de desconstruir preconceitos e garantir a plena inclusão de milhões de indivíduos.”
No Desenvolvimento (D1 e D2):
- Argumentos: explore as causas do capacitismo (falta de informação, herança histórica, mídia que estereotipa) e suas consequências (exclusão social, barreiras no mercado de trabalho, invisibilidade).
- Repertório: utilize os dados, as leis, os pensadores e os exemplos culturais para embasar cada argumento.
- Exemplo (D1 – Causa): “Historicamente, o modelo biomédico da deficiência consolidou uma visão patologizante, tratando a condição como um desvio a ser corrigido, o que, segundo Foucault, contribui para a normalização e o controle dos corpos fora do padrão. Essa perspectiva enraizada é uma das raízes do capacitismo estrutural, manifestando-se na ausência de acessibilidade física e atitudinal em diversos espaços.”
Na Proposta de Intervenção (Conclusão):
Exemplo: “Para mitigar o capacitismo na sociedade brasileira, é fundamental que o Governo Federal, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, crie e amplie programas de fiscalização da Lei Brasileira de Inclusão, garantindo o cumprimento das cotas no mercado de trabalho e a acessibilidade em espaços públicos e privados. Tal medida, acompanhada de campanhas de conscientização massivas veiculadas pela mídia, terá como finalidade desmistificar a deficiência e promover uma cultura de respeito e valorização das potencialidades individuais, caminhando para uma sociedade verdadeiramente inclusiva.”
Agente: Quem fará a ação (Governo, ONGs, Mídia, Família, Escola)?
Ação: O que será feito (legislação, campanhas, educação, fiscalização)?
Meio/Modo: Como será feito (programas, parcerias, debates)?
Finalidade: Para que será feito (combater o preconceito, promover a inclusão)?
Detalhamento: Acrescente um detalhe para cada elemento.
5 filmes de repertório sociocultural sobre capacitismo
O capacitismo, uma forma de preconceito enraizada na suposição de que as pessoas com deficiência são inerentemente menos capazes do que aquelas sem deficiência, continua a moldar as interações sociais e a estruturação de espaços físicos em nossa sociedade.
Desse modo, ao subjugar e desvalorizar as capacidades das pessoas com deficiência, o capacitismo não apenas perpetua estereótipos prejudiciais, mas também estabelece barreiras físicas e emocionais que limitam sua autonomia e inclusão.
Desse modo, para compreender melhor essa problemática, confira abaixo 5 filmes que retaratam a vida de pessoas com deficiência (PcD) para te ajudar com o repertório sociocultural sobre capacitismo:
1. “Extraordinário”
O filme conta a história de August Pullman, um menino com uma deformidade facial que nasceu e decide ir à escola pela primeira vez após anos de cirurgias.
Assim, o filme aborda questões como aceitação, empatia, amizade e superação enquanto acompanha a jornada de August e como ele enfrenta as dificuldades de ser diferente em um ambiente escolar.
Onde assistir? Netflix.
2. “Intocáveis”
A história gira em torno da amizade inesperada entre Driss, um jovem imigrante senegaleso contratado como cuidador de Philippe, um homem rico que ficou tetraplégico depois de um acidente de parapente.
Então, com seu jeito despojado e irreverente, Driss traz um novo ânimo para a vida de Philippe, ajudando-o a superar seus próprios limites emocionais e redescobrir o prazer nas coisas simples da vida.
Onde assistir? Prime Video.
3. “A teoria de tudo”
É um filme biográfico baseado no livro de Jane Wilde Hawking “Travelling to Infinity: My Life with Stephen”, o filme retrata a vida do físico teórico renomado Stephen Hawking. Assim, o foco principal do filme é o relacionamento de Hawking com sua primeira esposa, Jane Wilde.
Além disso, o relacionamento se estende desde sua infância estudando física na Universidade de Cambridge até as dificuldades que enfrentou após ser diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Onde assistir? Prime Video
4. “CODA – No Ritmo do Coração”
“CODA” é uma sigla que significa “Child of Deaf Adults” (Filho de Adultos Surdos, em português). Assim, o filme conta a história de Ruby Rossi, uma adolescente que é a única pessoa ouvinte em uma família de quatro membros surdos, incluindo seus pais e seu irmão mais velho.
Ruby é muito talentosa como cantora e se esforça para conciliar sua paixão pela música com suas responsabilidades familiares, já que ela é a principal intérprete de língua de sinais para seus pais.
Onde assistir? Prime Video.
5. “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”
O filme conta a história de Leonardo, um adolescente cego que vive com sua mãe. Sua vida muda quando um novo aluno, Gabriel, se junta à sua escola e se torna seu amigo e, eventualmente, seu interesse romântico.
Além disso, explora o despertar da sexualidade e do amor de Leonardo, bem como sua jornada de autoaceitação e descoberta de sua identidade. Assim, o filme aborda temas como amizade, inclusão, diversidade e aceitação, com foco especial na experiência de uma pessoa cega na adolescência.
Onde assistir? Netflix.
6. Como eu era antes de você
“Como Eu Era Antes de Você” é uma adaptação do livro homônimo escrito por Jojo Moyes. Assim, o filme, assim como o livro, conta a história de Louisa, uma jovem alegre que se torna cuidadora de Will, um homem rico e bem-sucedido que foi tetraplégico por um acidente.
Então, o filme aborda temas como amor, amizade, aceitação e o direito de escolha de cada indivíduo sobre sua própria vida. Além disso, recebeu críticas mistas, mas muitos elogiaram as performances dos atores principais e a maneira como o filme lidou com questões emocionais delicadas.
Onde assistir? Globoplay
Dados sobre capacitismo no Brasil
Conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mesmo após 32 anos de vigência da Lei de Cotas para PCDs, apenas 2,5% das vagas nas empresas com mais de 1 mil empregados eram destinadas a este grupo em 2021 (pela Lei, deveriam ser pelo menos 5%).
Segundo o Dieese, houve um crescimento de 61% da inserção de PCDs no mercado de trabalho formal entre 2011 e 2021, passando de 324 mil para 521 mil trabalhadores. Estes profissionais estão concentrados na indústria (25%) e no comércio (20%).
Além disso, em 2023 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, pela primeira vez, um módulo com dados específicos sobre pessoas com deficiência na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua.
Nesse sentido, o estudo mostra que a população de dois anos ou mais com deficiência é de 18,2 milhões de pessoas. Além disso, a taxa de analfabetismo entre pessoas com deficiência é de 19,5%, enquanto a de pessoas sem deficiência é de 4%.
Como combater o capacitismo?
Um esforço contínuo e coletivo para aumentar a conscientização, an inclusão e an igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência é necessário para combater o capacitismo.
Segundo o SAE Digital, para compater o capacitismo, é necessário reformular a noção de normalidade, livrar-se dos padrões que alimentam o preconceito e a discriminação. Além disso, reconhecer que todos somos diferentes em alguns aspectos, mas que isso não deve ser um critério para excluí-lo.
A Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, pretende justamente assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência e garantir o acesso ao ensino regular.
Além disso, garantir que espaços públicos, serviços e recursos estejam acessíveis para pessoas com diferentes tipos de deficiência. Isso inclui acesso físico, como rampas e elevadores, bem como acesso a comunicação, como interpretação em língua de sinais e materiais em formatos acessíveis.
De modo geral, existem muitas inciativas, tanto educacionais, de acessibilidade que auxiliam a combater o estigma.
Perguntas Frequentes (FAQ) sobre Capacitismo no ENEM:
Capacitismo é a discriminação e o preconceito contra pessoas com deficiência, baseados na ideia de que elas são inferiores ou incapazes, e que a ausência de deficiência é a norma ideal.
Ele se manifesta através de atitudes preconceituosas (infantilização), linguagem ofensiva (expressões como “retardado”) e barreiras estruturais (falta de acessibilidade em prédios e transportes).
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) é a principal legislação brasileira que visa garantir os direitos e a inclusão plena das pessoas com deficiência, servindo como base legal para combater o capacitismo.
Você pode citar Michel Foucault (poder e normalização), Zygmunt Bauman (modernidade líquida e exclusão) e Erving Goffman (estigma social) para aprofundar a análise do capacitismo.
Cite dados do IBGE sobre a população com deficiência no Brasil ou estatísticas sobre exclusão no mercado de trabalho e educação para comprovar a persistência do problema e a necessidade de intervenção.
Referências:
[1] Lei nº 8.213/91
Como se preparar para qualquer redação com o CRIA?
Agora que você já sabe mais sobre como usar o repertório sociocultural sobre capacitismo, o CRIA pode ser a ferramenta ideal para esse processo. Mas o que é o CRIA?
O CRIA é um corretor de redação por inteligência artificial que utiliza modelos de aprendizado de máquina gerados por meio de redações escritas por alunos reais e corrigidas por professores.
Além disso, o CRIA realiza previsões de notas por competência, análise de contexto na introdução, previsão de defesa de tese, previsão de fuga ao tema, previsão de intervenção, uso de parônimas e homônimas, etc.
Mas o que o CRIA faz por você?
- Análise instantânea da redação;
- Simulação da sua nota do ENEM por competência;
- Identificação de desvios, todos marcados no seu texto;
- Traz correções detalhadas por competência;
- Histórico de progresso;
- Fornece dados para melhorias na escrita, em texto e/ou avatar explicativo;
- Plataforma gamificada, pode compartilhar com amigos e obter vantagens;
- Professor olha as correções do CRIA e pode alterar conforme achar necessário, assim o CRIA sempre aprende com eles.
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