O repertório sociocultural sobre cultura do cancelamento é essencial para qualquer estudante que deseja uma boa pontuação na redação do ENEM ou de vestibulares e concursos. Então, confira como a pressão social e a busca pela perfeição influenciam o bem-estar psicológico.
A cultura do cancelamento, um fenômeno cada vez mais presente em nossa sociedade digital, tem sido objeto de debates acalorados e reflexões profundas nos últimos anos.
A rapidez e a amplitude da internet permitiram que a opinião pública se manifestasse de forma intensa e imediata, muitas vezes levando ao ostracismo de indivíduos e empresas por conta de suas ações ou opiniões consideradas inaceitáveis.
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O que é cultura do cancelamento?
A cultura do cancelamento é um fenômeno recente e popular na cultura digital. Em termos simples, trata-se de uma forma de intolerância coletiva expressa virtualmente, visando desqualificar o comportamento de outras pessoas.
O termo “cultura” refere-se a comportamentos e pensamentos compartilhados por um grupo. Nesse contexto, indivíduos que consideram certas ações como imorais se unem para “cancelar” aqueles que as praticam. Em 2019, o termo “cultura do cancelamento” foi eleito a palavra do ano pelo dicionário australiano Macquarie.
Segundo o Dicionário, o termo pode ser definido como:
“As atitudes dentro de uma comunidade que exigem ou provocam a retirada do apoio de uma figura pública, como cancelamento de um papel de um ator, a proibição de tocar a música de um artista, remoção das redes sociais, etc., geralmente em resposta a uma acusação de uma ação ou comentário socialmente inaceitável (The Committee’s…, 2019).”
Conforme a definição do dicionário, a moralidade desempenha um papel crucial no ato de cancelar alguém no ciberespaço. Da mesma forma, o Cambridge Dictionary define “cancelar” como “rejeitar completamente e deixar de apoiar alguém, especialmente porque essa pessoa disse algo que ofende”.
Assim, o cancelamento online está ligado à (in)tolerância digital, ou seja, à exclusão de alguém devido a um comportamento considerado inadequado.
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Repertório sociocultural sobre cultura do cancelamento
A chamada “cultura do cancelamento”, termo usado para descrever práticas de agressão e intolerância atuais, está fortemente presente entre os jovens.
Assim, esse período da vida é caracterizado pela busca de aceitação, formação de grupos sociais e pelo medo do fracasso nesse contexto.
Filmes e séries sobre cultura do cancelamento
Filmes e séries, como verdadeiros espelhos da sociedade, exploram a cultura do cancelamento de diversas perspectivas, apresentando histórias que nos convidam a questionar nossos próprios valores e a refletir sobre o impacto das nossas ações online.
Assim, confira a seguir filmes e séries sobre cultura do cancelamento:
1. Black Mirror — Queda Livre (3ª temporada, episódio 1)
“Queda Livre” é o primeiro episódio da terceira temporada da série “Black Mirror”. Ele se passa em um futuro próximo onde as interações sociais são mediadas por um sistema de pontuação, no qual as pessoas avaliam umas às outras usando um aplicativo similar ao de redes sociais.
Assim, essa pontuação afeta todos os aspectos da vida dos indivíduos, incluindo suas oportunidades profissionais, status social e até onde podem morar.
Onde assistir? Netflix.
2. Documentário — 15 Minutes of Shame
“15 Minutes of Shame” é um documentário que explora o fenômeno da cultura do cancelamento e da humilhação pública na era digital. Produzido por Monica Lewinsky e Max Joseph, o filme investiga como a internet e as mídias sociais deram origem a um ambiente em que qualquer pessoa pode ser publicamente envergonhada ou “cancelada” por suas ações ou opiniões.
Onde assistir? MAX.
3. O Homem Cordial
“O Homem Cordial” é um filme brasileiro lançado em 2019, dirigido por Iberê Carvalho. O longa aborda questões sociais, culturais e políticas do Brasil contemporâneo, focando na figura do “homem cordial”, um conceito que remete à ideia de um comportamento tipicamente brasileiro que mescla afetividade e violência.
Onde assistir? Globoplay.
4. TÁR
O longa-metragem segue Lydia Tár, uma famosa maestrina e compositora de uma orquestra de renome internacional, no ponto culminante de sua carreira. Assim, o enredo investiga sua carreira artística e pessoal, enquanto ela lida com questões complexas relacionadas ao poder, à responsabilidade e à moralidade no cenário de elite da música clássica.
Onde assistir? Globoplay.
Cultura do cancelamento: influência midiática e a saúde mental do jovem
A pesquisa de Monteiro, Cabral e Júnior, analisou o comportamento de jovens nas redes sociais em Campina Grande, com 56 jovens entre 18 e 24 anos, todos com ensino médio completo e usuários ativos de plataformas como WhatsApp, Instagram, Facebook e Twitter.
O estudo analisou o impacto da cultura do cancelamento na saúde mental de jovens, com foco no papel das redes sociais. Os resultados indicam que a exposição constante a conteúdos e comportamentos idealizados nas plataformas digitais contribui para:
- Distorção da imagem corporal: a busca por padrões de beleza irreais e a comparação com outras pessoas levam a uma insatisfação com a própria aparência.
- Baixa autoestima e insegurança: o julgamento constante e a pressão por perfeição geram sentimentos de inadequação e baixa autoestima.
- Comportamentos imitativos: jovens tendem a imitar comportamentos e atitudes observadas nas redes sociais, mesmo que sejam prejudiciais.
- Censura e medo de julgamento: o medo de ser cancelado leva à autocensura e à dificuldade de expressar opiniões divergentes.
- Fortalecimento da cultura do cancelamento: a participação de figuras públicas e a naturalização do cancelamento por parte dos usuários contribuem para a perpetuação desse fenômeno.
A pesquisa conclui que a cultura do cancelamento, embora seja um fenômeno recente, tem suas raízes na influência da mídia tradicional e se intensificou com o advento das redes sociais. A facilidade de acesso à informação e a disseminação rápida de conteúdos nas plataformas digitais amplificam o impacto do cancelamento na saúde mental dos jovens.
Em resumo, a pesquisa demonstra que a cultura do cancelamento nas redes sociais exerce uma influência negativa na saúde mental dos jovens, contribuindo para a formação de uma imagem distorcida de si e para o desenvolvimento de comportamentos prejudiciais.
