Confira 8 dicas de coesão para redação do ENEM e garanta um texto claro e bem estruturado, aumentando suas chances de conquistar uma boa nota.
A palavra “texto” tem sua origem no latim textum, que significa trama, tecido ou malha. Isso já dá uma boa ideia do que é um texto: algo construído como um tecido, em que cada parte se conecta à outra para formar um todo.
Em outras palavras, um texto é uma unidade com sentido completo, que pode ser representada por um parágrafo, um poema, um provérbio ou até mesmo uma frase curta com um significado específico.
Mas, atenção: assim como uma receita não é só uma lista de ingredientes, um texto não é apenas um monte de frases jogadas. Para funcionar bem, precisa de coerência (as ideias precisam fazer sentido juntas) e coesão (as partes do texto precisam estar bem conectadas, usando palavras de ligação como “portanto”, “por isso” ou “além disso”).
Assim, essas características ajudam a organizar as ideias e deixam o texto claro e fácil de entender. Por isso, é fundamental prestar atenção na construção do seu texto, especialmente em redações para o ENEM ou vestibulares.
O que é coesão?
A coesão se refere à maneira como as diferentes partes de um texto se conectam entre si, formando um todo lógico e fluido. Assim, ela é responsável por garantir que as frases e os parágrafos estejam articulados de maneira clara, usando elementos linguísticos que criam essas conexões.
Quando você escreve um texto, é importante que as ideias estejam bem conectadas para o leitor entender claramente o que você quer dizer.
Então, isso acontece por meio da coesão, que é como os diferentes pedaços de um texto se unem. Para isso, usamos palavras chamadas elementos conectivos, como conjunções (por exemplo, “porque”, “mas”), preposições (“para”, “com”), advérbios (“além disso”, “então”) e pronomes.
Esses conectivos têm um papel essencial: eles mostram como as partes do texto se relacionam, dando um fluxo lógico às ideias. Segundo a linguista Maria Helena de Moura Neves (2011), esses vocábulos atuam em pontos estratégicos do texto, ajudando a conectar uma ideia à outra de forma clara e organizada.
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Dicas de coesão para redação do ENEM
Quer mandar bem na redação do ENEM? Um dos pontos essenciais para garantir uma boa nota é a coesão, ou seja, como as ideias do seu texto se conectam e fluem de maneira clara.
Assim, veja a seguir confira 8 dicas de coesão para redação do ENEM:
1. O que é coesão e como ela aparece na redação?
A coesão é como os elementos do texto se conectam por meio de palavras ou expressões (como conectivos, pronomes e advérbios). Nesse sentido, ela funciona como uma “cola” que liga as ideias, facilitando o entendimento do leitor.
2. Dicas práticas de coesão para o ENEM
Entre parágrafos: Use expressões como “além disso”, “por outro lado”, ou “portanto” para introduzir uma ideia nova e relacioná-la com o parágrafo anterior.
Entre períodos: Conecte suas frases dentro do mesmo parágrafo com pronomes (“esse argumento”, “essa questão”) ou conjunções (“pois”, “e”, “mas”).
Dentro das orações: Selecione conectivos apropriados para cada relação:
- Causa: porque, já que, visto que.
- Conclusão: portanto, logo, assim.
- Adição: e, além disso, também.
3. Use conectivos com propósito
Use conectivos adequados para evitar repetições ou confusões.
Adição: “Além disso”, “outrossim”, “não só… mas também”.
Contraste: “Por outro lado”, “todavia”, “no entanto”.
Causa e consequência: “Porque”, “portanto”, “assim”.
Condição: “Caso”, “se”, “desde que”.
4. Evite repetições desnecessárias
Substitua palavras repetidas por pronomes ou sinônimos. Por exemplo:
Original: “A desigualdade social é um problema. A desigualdade social afeta muitas pessoas.”
Revisado: “A desigualdade social é um problema que afeta muitas pessoas.”
5. Cuidado com as retomadas
Use pronomes ou expressões que retomem ideias de forma clara. Assim, evite ambiguidades:
Ambíguo: “A reforma agrária é necessária. Ela pode resolver problemas.” (O que “ela” se refere?)
Claro: “A reforma agrária é necessária, pois essa medida pode resolver problemas.”
6. Trabalhe os parágrafos
Inicie cada parágrafo com uma frase que conecta ao anterior, utilizando conectivos ou retomando a ideia principal.
7. Conecte introdução, desenvolvimento e conclusão
Retome palavras-chave da introdução na conclusão para criar uma sensação de unidade. Por exemplo, se o tema é desigualdade social, mencione “igualdade” ou “direitos” para encerrar.
8. Revise o texto
Após escrever, leia atentamente para verificar se as ideias fluem de forma natural. Assim, substitua conectores que estejam repetitivos ou descontextualizados.
Essas práticas fortalecem a coesão textual, ajudando você a atingir uma alta pontuação nos critérios de competência 4 do ENEM, que avalia a coesão e a organização textual.
Exemplo de coesão na redação do ENEM
Vamos analisar um exemplo prático de coesão na redação do ENEM, mostrando como você pode aplicar essas estratégias para garantir uma estrutura sólida e bem articulada, aumentando suas chances de alcançar uma boa pontuação
Redação de Letícia Vicente da Silva
Introdução:
Como símbolo da discriminação feminina no Brasil, o papel social da mulher, originado e consolidado na colonização portuguesa, é caracterizado pelo trabalho, exclusivamente, doméstico, haja vista que a escravização de indígenas e de africanos restringiu as suas funções ao labor do lar — como cozinheiras, faxineiras e até cuidadoras de crianças e dos senhores de engenho. Nesse contexto, é válido ressaltar que, embora não seja um tópico de constante discussão, o serviço das mulheres, especificamente o de cuidar de outras pessoas, é inviabilizado pela desvalorização e pela invisibilidade recebidas da sociedade, sendo uma marca do desafio enfrentado por essa minoria cotidianamente. Ademais, torna-se viável relacionar essa complicação à perpetuação de valores preconceituosos e à precarização dessa atividade laboral.
Desenvolvimento 1:
Nessa perspectiva, é possível citar que a criação de estereótipos agrava a permanência de raízes estruturais, tradicionalmente, discriminatórias, uma vez que a mulher se torna uma figura funcional padronizada. Sob esse viés, como afirma a escritora contemporânea Chimamanda Adichie, grupos minoritários são marginalizados pelo corpo social devido às características pré-estabelecidas sobre eles, de forma que a imagem feminina seja um exemplo dessa situação ao ser relacionada, constantemente, ao trabalho de cuidado com uma conotação social negativa. Nessa conjuntura, é perceptível inferir que, analogamente à teoria de Chimamanda, a associação das mulheres ao cuidado, comunitário ou doméstico, é histórico, cultural e literário, como retratado na obra de Letícia Wischezavi, “A casa das sete Mulheres” — que conta os 15 anos de Revolução Farroupilha pela visão de 7 mulheres destinadas a cuidar dos feridos —, servindo de exemplo para o reforço de estereótipos femininos nos diversos âmbitos sociais, principalmente, no laboral.
Desenvolvimento 2:
Outrossim, a precarização do trabalho de cuidado realizado pela mulher brasileira é um dos inúmeros desafios que essas profissionais enfretam diariamente, sendo um modo de invisibilizar a atuação no mercado profissional. Sob essa ótica, segundo o sociólogo Ricardo Antunes, a sociedade atual possui uma tendência de precarizar as atividades laborais, influenciada pela bolha ideológica que a isola no comportamento capitalista de luta desigual frequente. Nesse prisma, pode-se concluir que, em consonância com o pensamento de Antunes, um grande desafio para quem vive desse exercício trabalhista á a desvalorização, já que, além das más remunerações financeiras e sociais, há o agravante da desigualdade de gênero que, historicamente, é uma pauta em discussão para erradicação.
Conclusão:
Portanto, é indubitável constatar que medidas são necessárias para corrigir essa problemática. Assim, é imprescindível que o Ministério do Trabalho — órgão governamental responsável pela garantia de direitos — promova, por meio de incentivos fiscais, programas de fiscalização das garantias trabalhistas das mulheres cuidadoras, a fim de diminuir os desafios enfrentados por essas profissionais cotidianamente. Paralelamente, é dever da mídia — máximo canal de informações da atualidade viabilizar, por intermédio de comerciais televisivos, campanhas de conscientização sobre o papel da mulher na sociedade, com o intuito de eliminar estereótipos associados às funções exercidas por ela. Dessa forma, será possível uma maior visibilidade do trabalho de cuidado e das múltiplas atividades que uma mulher exerce.
Na redação apresentada, a coesão é usada de maneira eficaz para garantir que as ideias estejam interligadas, criando uma argumentação fluida e bem estruturada. Aqui estão alguns exemplos do uso de coesão:
1. Conectivos e elementos coesivos
A redação faz uso de uma variedade de conectivos e elementos coesivos, que são palavras ou expressões que garantem a articulação das ideias entre as frases e parágrafos. Exemplos incluem:
- “Nesse contexto”, “Ademais”, “Nessa perspectiva”, “Sob esse viés”, “Outrossim”, “Portanto”. Esses conectivos auxiliam na transição entre diferentes argumentos, além de mostrar a relação lógica entre as ideias apresentadas.
2. Pronomes e referências anafóricas
A redação utiliza pronomes que fazem referência a conceitos mencionados anteriormente, garantindo a coesão textual. Por exemplo:
- “Esse serviço”, “essa minoria”, “esses profissionais”, “essas profissionais” fazem referência direta aos tópicos anteriores, criando continuidade e evitando repetições excessivas.
3. Reforço e relação de ideias
A relação entre as ideias é enfatizada por meio de relacionamentos lógicos. Quando o autor passa de um ponto para o outro, ele utiliza expressões de adição e oposição, como:
- “Por outro lado” (introduzindo uma nova perspectiva), “Em consonância com o pensamento de Antunes” (reafirmação do argumento anterior), “Portanto” (conclusão do raciocínio). Essas expressões ajudam a reforçar a continuidade e a ligação das ideias ao longo do texto.
4. Exemplificação e ilustração
O uso de exemplos concretos também é uma forma importante de coesão. No caso, a redação faz referência a obras literárias e a figuras importantes (Chimamanda Adichie, Letícia Wischezavi, Ricardo Antunes) para dar apoio às ideias apresentadas.
A citação de autores e obras torna a argumentação mais robusta e coesa, criando uma linha de raciocínio clara que conecta as afirmações feitas ao longo do texto.
5. Conclusão e propostas de ação
A conclusão e as propostas finais são introduzidas de maneira clara com o uso de “Portanto”, “Assim” e “Dessa forma”. Esses conectivos sinalizam que a argumentação chegou a um ponto de conclusão e prepara o leitor para as soluções sugeridas, o que também contribui para a coesão
