Você quer saber Como melhorar a Competência 2 da Redação do ENEM? A Competência 2 (C2) é crucial e pode ser seu maior diferencial — ou seu maior obstáculo.
Assim, ela avalia sua capacidade de compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites do texto dissertativo-argumentativo.
Em termos práticos, 200 pontos na C2 dependem de três pilares: a correta abordagem do tema, o uso estratégico do repertório sociocultural e o domínio da estrutura textual.
Então, este guia detalhado oferece o passo a passo e as estratégias de um especialista para você dominar a C2, evitar o temido tangenciamento e elevar a qualidade da sua argumentação, transformando seu texto em um modelo de excelência.
O que a Competência 2 (C2) avalia na prática?
A C2 é o cérebro da sua redação. Nesse sentido, ela exige que você vá além de “escrever bem”, testando sua leitura crítica do mundo e sua capacidade de mobilizar conhecimento.
A matriz de correção do ENEM divide a avaliação da C2 em três requisitos inegociáveis:
- Abordagem Completa do Tema: O texto deve cobrir integralmente o recorte temático proposto, sem tangenciamento (abordagem parcial) ou fuga.
- Repertório Sociocultural Produtivo: Você deve usar informações, fatos, citações ou referências de áreas externas aos textos motivadores. Esse repertório deve ser legitimado, pertinente ao tema e produtivo (usado para sustentar sua argumentação).
- Estrutura Dissertativo-Argumentativa: Seu texto precisa seguir o gênero textual exigido: introdução, desenvolvimento e conclusão.
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Como não tangenciar o tema?
O erro mais comum que derruba a nota na C2 é o tangenciamento. Então, tangenciar significa falar apenas do assunto, mas não do tema (o recorte específico).
1. Desmembramento da frase temática:
Para garantir a abordagem completa, sua primeira ação na prova deve ser o desmembramento da frase temática.
Como fazer:
- Identifique e circule os núcleos conceituais (o assunto principal) e os recortes (as especificações).
- Exemplo (ENEM 2023): “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.”
- Ataque todos os pontos: Seu texto deve mencionar a mulher, o trabalho de cuidado E a invisibilidade/desafios no Brasil. Se você falar apenas sobre “trabalho feminino” (omitindo o “cuidado”), você tangencia.
2. Palavras-chave em ação:
É vital que as palavras-chave do tema apareçam em sua redação de forma estratégica.
- Introdução: Apresente todas as palavras-chave, estabelecendo a tese.
- Desenvolvimentos (D1 e D2): Retome os termos no tópico frasal ou ao longo da argumentação.
- Conclusão: Use as palavras-chave para amarrar a proposta de intervenção.
O pilar do repertório: legitimidade, pertinência e produtividade
O repertório sociocultural é, portanto, o elemento que eleva a sua redação do nível mediano à excelência, conferindo autoridade e profundidade à sua argumentação na Competência 2. Dessa forma, não basta apenas citar; é preciso saber usar.
A seguir, detalharemos o fundamental “Tripé do Repertório Nota 200″— Legitimidade, Pertinência e Produtividade — e apresentaremos dicas essenciais para garantir que seus conhecimentos externos sejam sempre aplicados de forma estratégica e, além disso, contextualizada.
1. O Tripé do Repertório Nota 200:
| Conceito | Definição Prática | Exemplo |
| Legitimidade | O conhecimento deve ser reconhecido pela área de saber (Filosofia, História, Literatura, Sociologia, etc.). | Citar um filme premiado, uma teoria sociológica (Zygmunt Bauman), ou um artigo da Constituição. |
| Pertinência | O repertório deve ter relação clara com o tema proposto na prova. | Em um tema sobre saúde mental, citar a série 13 Reasons Why é pertinente. |
| Produtividade | O repertório não pode ser apenas decorativo. Ele deve ser usado para sustentar, embasar ou refutar seu ponto de vista. | Citar Kant e, em seguida, explicar como o conceito dele justifica a inação estatal no problema do tema. |
2. Dicas para repertórios de alto nível:
Evite citações genéricas. Crie um “banco de repertório” por eixos temáticos (Educação, Saúde, Tecnologia, Cidadania) e treine a aplicação. O corretor de IA (e o humano) valoriza a aplicação contextualizada.
Então, se você cita um filósofo, demonstre que entendeu o conceito dele e como ele se aplica ao problema brasileiro.
Estrutura Dissertativo-Argumentativa:
A C2 exige que o texto seja dissertativo-argumentativo em prosa. Nesse sentido, isso significa que a estrutura (Introdução, D1, D2, Conclusão) é obrigatória e deve ser bem delimitada.
O que evitar para não perder pontos na C2:
- Traços Narrativos: Evite longas histórias pessoais ou descrições que fujam da argumentação. O foco deve ser a defesa de um ponto de vista.
- Informativo Puro: A redação não é uma reportagem. Você deve opinar (defender uma tese) e argumentar, não apenas expor dados.
- Estrutura Desequilibrada: Garanta que D1 e D2 tenham tamanho e profundidade semelhantes, desenvolvendo os dois argumentos prometidos na introdução.
A estrutura ideal:
Estruturar seu texto com clareza facilita que a IA extraia seus argumentos:
- Introdução: Tese e dois argumentos (causa e consequência).
- D1: Argumento 1 (Causa) + Repertório produtivo.
- D2: Argumento 2 (Consequência/Fator Adicional) + Repertório produtivo.
- Conclusão: Retomada da tese + Proposta de Intervenção (C5).
Análise da Competência 2 (C2) – Redação Nota 1000
Aluna Sabrina Ayumi Alves Shimizu, redação ENEM 2024
Introdução:
O livro “Nós matamos o cão tinhoso” de Luís Bernardo Honwana retrata a sociedade moçambicana durante a colonização portuguesa. Na obra literária, observa-se uma dinâmica social pautada pela inferiorização dos indivíduos negros, na qual o racismo está enraizado nas interações entre as pessoas, na qualidade de vida e na autoimagem de cada ser. Assim, ao inserir a imagem criada pelo livro no contexto brasileiro de ínfima valorização da herança africana, infere-se que o passado colonial persiste nas estruturas do Brasil, se manifestando a partir do apagamento sistemático da cultura afro-brasileira. Em razão disso, deve-se discutir o papel do Estado no setor escolar e cultural diante desse contexto de silenciamento.
Análise da C2 na Introdução Pontos Fortes Abordagem do Tema Completa. A tese (“passado colonial persiste nas estruturas do Brasil, se manifestando a partir do apagamento sistemático da cultura afro-brasileira”) ataca o cerne da “desvalorização da herança africana”. Repertório Excelente. Inicia com a obra “Nós matamos o cão tinhoso” (literatura, legitimado), contextualizando a temática do racismo colonial e a inferiorização, e ligando-o produtivamente à realidade brasileira (apagamento). Estrutura Tese claramente apresentada e o encaminhamento argumentativo (o papel do Estado no setor escolar e cultural) é anunciado, seguindo o modelo ideal.
Desenvolvimento 1 (D1):
Em um primeiro momento, é necessário entender a relação entre a dinâmica social brasileira e a desvalorização da herança africana. Para fundamentar essa ideia, o filósofo brasileiro Ailton Krenak afirma que, no Brasil, existem dois grupos — a humanidade, formada pela elite econômica, e a subumanidade, a qual tem seus direitos negados e é constituída principalmente pelas populações marginalizadas socialmente, como os povos originários e os negros. Por conseguinte, entende-se que o apagamento da cultura africana é uma extensão do panorama da desigualdade social brasileira, já que essa desvalorização sistemática silencia as vozes de populações que são violentadas e oprimidas há séculos, o que favorece a manutenção dessas pessoas no grupo da subumanidade. Dessa forma, o Estado deve desenvolver medidas que visem valorizar e apoiar artistas e escritores relacionados à herança africana no Brasil.
Análise da C2 no D1 Pontos Fortes Abordagem do Tema Mantida. O parágrafo argumenta que a desvalorização é uma “extensão do panorama da desigualdade social brasileira”, vinculando a herança africana à marginalização (subumanidade). Repertório Altamente produtivo. A citação de Ailton Krenak (filosofia/sociologia, legitimado) é usada para justificar o argumento de que a desvalorização cultural é uma ferramenta para manter a população negra na “subumanidade”. Estrutura Tópico frasal claro, seguido pelo desenvolvimento do argumento com o repertório e uma conclusão parcial que aponta para a necessidade de valorização.
Desenvolvimento 2 (D2):
Sob outra ótica, a compreensão acerca da importância da ancestralidade na formação da autoimagem e da noção de pertencimento de cada indivíduo é imperativa. Para isso, a filósofa brasileira Marilena Chauí defende a ideia de que, enquanto os animais são naturais, os humanos são culturais — ou seja, a cultura que cada pessoa está inserida compõe a essência desse ser. A partir disso, compreende-se que o silenciamento da herança africana nega a uma grande parte do povo brasileiro a sua própria essência, o que constitui uma violência estrutural e resulta numa noção de não pertencimento generalizada e em uma autoimagem defasada. Frente a isso, o Estado deve agir em prol da promoção de manifestações culturais afro-brasileiras.
Análise da C2 no D2 Pontos Fortes Abordagem do Tema Mantida. O foco se desloca para o impacto psicológico e social da desvalorização da herança africana: a negação da essência, a autoimagem e a falta de pertencimento. Repertório Altamente produtivo. A citação de Marilena Chauí (filosofia, legitimada) sobre o humano ser cultural (e não natural) é usada como base para argumentar que negar a herança africana é negar a própria essência de uma parte da população. Estrutura Tópico frasal introdutório, repertório usado para justificar o argumento principal (a violência estrutural e o não pertencimento) e fechamento coerente.
Conclusão:
Em suma, conclui-se que a desvalorização da cultura africana está diretamente relacionada a um processo sistemático de silenciamento de grupos oprimidos e resulta na falta de pertencimento de muitos indivíduos. Portanto, cabe ao Estado, por meio de uma parceria entre o Ministério da Economia (ME) e o Ministério da Educação e da Cultura (MEC), desenvolver manifestações culturais afro-brasileiras nas escolas, como, por exemplo, peças teatrais e festivais de dança, música e arte, assim como investir financeiramente na promoção de artistas e escritores que têm suas carreiras relacionadas à herança africana. Por fim, essas ações serão responsáveis por impedir o perpetuamento da desvalorização da cultura africana no Brasil.
Análise da C2 na Conclusão Pontos Fortes Abordagem do Tema Retomada da tese com as palavras-chave, consolidando o posicionamento. Estrutura Fechamento do texto dissertativo-argumentativo, sendo seguido pela Proposta de Intervenção (requisito da C5, mas que encerra a estrutura).
Conclusão sobre a C2:
A redação exemplifica o domínio da C2 ao:
- Abordar o tema em sua totalidade (desvalorização da herança africana no Brasil).
- Seguir a estrutura dissertativo-argumentativa de forma clara.
- Mobilizar três repertórios socioculturais (Honwana, Krenak e Chauí) que são legitimados, pertinentes e, o mais importante, produtivamente utilizados para construir a argumentação.
Como se preparar para qualquer redação com o CRIA?
Agora que você já sabe mais sobre como melhorar a Competência 2 da redação do ENEM, o CRIA pode ser a ferramenta ideal para esse processo. Mas o que é o CRIA?
O CRIA é um corretor de redação por inteligência artificial que utiliza modelos de aprendizado de máquina gerados por meio de redações escritas por alunos reais e corrigidas por professores.
Além disso, o CRIA realiza previsões de notas por competência, análise de contexto na introdução, previsão de defesa de tese, previsão de fuga ao tema, previsão de intervenção, uso de parônimas e homônimas, etc.
Mas o que o CRIA faz por você?
- Análise instantânea da redação;
- Simulação da sua nota do ENEM por competência;
- Identificação de desvios, todos marcados no seu texto;
- Traz correções detalhadas por competência;
- Histórico de progresso;
- Fornece dados para melhorias na escrita, em texto e/ou avatar explicativo;
- Plataforma gamificada, pode compartilhar com amigos e obter vantagens;
- Professor olha as correções do CRIA e pode alterar conforme achar necessário, assim o CRIA sempre aprende com eles.
Vamos começar? Então acesse aqui.
Perguntas frequentes sobre
Tangenciamento ocorre quando o candidato aborda o assunto geral, mas ignora o recorte temático específico. Por exemplo, falar de “invisibilidade social” em geral, sem citar o “registro civil”. Então, fuga ao tema é quando o candidato escreve sobre um assunto completamente diferente da proposta, resultando em nota zero.
Não. A Competência 2 exige que você mobilize repertório externo aos textos motivadores. Assim, copiar trechos ou apenas parafrasear os textos motivadores não será considerado repertório produtivo e limitará sua nota na C2.
Não é necessário seguir as normas ABNT. Então, o importante é que a referência seja legitimada e que você a utilize de forma clara e produtiva, associando-a à sua argumentação para defender o seu ponto de vista.
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