Repertório sociocultural sobre negacionismo científico

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O repertório sociocultural sobre negacionismo científico para ENEM e vestibulares inclui debates sobre desinformação, filmes como Não Olhe Para Cima, pandemia da Covid-19 e mudanças climáticas, servindo como base crítica para argumentação em redações.

Mulher jovem com óculos e suéter, estudando em uma mesa com laptop e luminária, representando o conceito de repertório sociocultural sobre negacionismo científico.

Vivemos em um cenário de transformação acelerada, impulsionado por globalização e tecnologia, que nos expõe a problemas globais e a uma crescente desregulamentação.

No cerne dessa crise, encontramos também uma crise de valores humanos e de ética, diretamente conectada aos aspectos socioculturais e históricos do nosso tempo. É precisamente nesse contexto de desconfiança e polarização que surge e se fortalece o negacionismo científico.

Portanto, para compreender plenamente o fenômeno do negacionismo, é fundamental analisar o repertório sociocultural sobre negacionismo científico para citar na sua redação do ENEM ou demais vestibulares.

O que é negacionismo científico?

O negacionismo científico é um fenômeno caracterizado pela rejeição ou distorção de evidências científicas sólidas em favor de crenças pessoais, ideológicas ou emocionais. Em outras palavras, é a negação de fatos comprovados cientificamente. [1]

Esse comportamento pode ser observado em diversas áreas, incluindo a saúde, o meio ambiente e a história. No entanto, ele ganhou notoriedade especial durante a pandemia da COVID-19, quando informações cruciais sobre vacinas, tratamentos e medidas de prevenção foram intensamente debatidas e contestadas.

Além disso, o negacionismo não se limita a atos individuais; pelo contrário, ele forma um movimento coletivo que se opõe à ciência, geralmente fundamentado em informações errôneas e na completa negação do consenso científico.

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Confiança na ciência: um fator-chave no negacionismo

A desconfiança em relação às instituições científicas e governamentais é um dos principais fatores que alimentam o negacionismo. Quando a ciência é percebida como tendenciosa ou desonesta, suas descobertas são facilmente rejeitadas.

Um estudo do INCT-CPCT (“Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia”), que entrevistou 2.069 brasileiros maiores de 16 anos entre agosto e outubro de 2022, revelou dados preocupantes sobre essa questão. [2]

Embora uma maioria significativa (68,9%) confie na ciência, uma parcela considerável (29,3%) declarou confiar pouco ou nada.

A pesquisa mostrou, ainda, que essa desconfiança varia por região, sendo mais acentuada no Centro-Oeste, onde 43% dos entrevistados afirmam confiar pouco ou nada na ciência, em contraste com a região Norte, que registra 26,1%.

Portanto, esses números destacam a necessidade de ações que fortaleçam a confiança e o diálogo entre a comunidade científica e a sociedade.

A História do Negacionismo:

O negacionismo não é um fenômeno recente. Ao longo da história, diferentes correntes filosóficas, religiosas, políticas e até científicas levantaram discursos que buscavam desacreditar descobertas, resistir a avanços ou negar fatos consolidados.

No Brasil, esse movimento assumiu formas variadas, desde a influência do Positivismo no início da República até resistências trágicas em questões de saúde pública.

O negacionismo positivista no Brasil:

O Positivismo, doutrina criada por Augusto Comte (1798-1857), teve grande influência no Brasil desde o início da República. Apresentado como a única explicação racional da evolução da humanidade, o movimento chegou a constituir uma religião — a Religião da Humanidade — que, embora sem Deus ou vida após a morte, imitava muitos rituais católicos.

O Rio de Janeiro tornou-se seu maior centro no mundo, onde figuras como Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes lideraram o Apostolado Positivista e participaram ativamente da propaganda republicana.

Apesar de seu papel político, o positivismo brasileiro apresentou forte viés negacionista em relação à ciência e à educação. Teixeira Mendes, por exemplo, defendia que o Brasil não deveria desenvolver uma ciência própria, mas apenas aplicar conhecimentos já produzidos em outros países.

Miguel Lemos também rejeitava a criação de universidades, chamando tal projeto de “extravagante e absurdo”. Em sua visão, o país já possuía escolas superiores suficientes para formar profissionais.

O caso brasileiro se distingue de outros países latino-americanos, como o México, pois aqui o Positivismo uniu-se fortemente tanto à política quanto ao meio militar, com nomes como Benjamin Constant, considerado o “pai da República”.

O negacionismo na saúde pública brasileira:

Outro episódio emblemático do negacionismo brasileiro ocorreu no início do século XX, durante a chamada Revolta da Vacina. O presidente Rodrigues Alves, com apoio de cientistas como Oswaldo Cruz, buscava implementar a vacinação obrigatória contra a varíola.

A medida, no entanto, encontrou forte resistência de políticos e militares, que usaram a pauta para desestabilizar o governo. Nomes de destaque, como o senador Ruy Barbosa, chegaram a discursar contra a obrigatoriedade da vacina, afirmando que se tratava de uma “tirania” e um risco de contaminação.

A rejeição culminou em um levante popular, marcado por confrontos nas ruas do Rio de Janeiro. Apesar de a lei ter sido inicialmente revogada, a epidemia de 1908 levou a população a buscar espontaneamente a imunização.

Portanto, o episódio revelou como o negacionismo científico pode custar vidas, algo que se repetiu mais de um século depois, durante a pandemia de Covid-19.

Repertório sociocultural sobre negacionismo científico: resumo

TemaExemplo / ReferênciaRelevância
História da CiênciaGalileu Galilei, condenado pela Inquisição no século XVIIMostra como o negacionismo institucional atrasou avanços científicos fundamentais
Brasil e PositivismoMiguel Lemos e Teixeira Mendes no início da RepúblicaNegação da necessidade de universidades e pesquisa científica retardou o desenvolvimento acadêmico
Saúde Pública no BrasilRevolta da Vacina (1904), Oswaldo Cruz, pandemia de covid-19Impacto do negacionismo em políticas sanitárias, resultando em mortes e epidemias
Filosofia e SociologiaKarl Mannheim, Ideologia e UtopiaEntendimento do negacionismo como fenômeno social ligado a crenças coletivas
ContemporaneidadeNegacionismo climáticoAtraso de ações urgentes frente ao aquecimento global
Educação e CombateCarl Sagan, O Mundo Assombrado pelos DemôniosDivulgação científica e pensamento crítico como forma de combater a desinformação

Filmes sobre negacionismo científico:

O Repertório Sociocultural sobre Negacionismo Científico não se limita apenas a fatos históricos e movimentos sociais; ele também pode ser explorado por meio de obras cinematográficas que ilustram a resistência à ciência.

Assim, filmes que retratam crises de desinformação, rejeição de evidências científicas e conflitos entre conhecimento e interesses políticos ajudam a compreender o negacionismo científico:

1. “Contágio” (2011):

Mostra a propagação de um vírus e os desafios da ciência diante da desinformação e negacionismo em saúde pública.

2. “O Jogo da Imitação” (2014):

Destaca a importância da ciência e do método científico frente ao preconceito e à resistência social e política.

3. “Não olhe para cima” (2021):

Dois astrônomos descobrem que um cometa está em rota de colisão com a Terra. Eles tentam alertar governos e a população, mas enfrentam indiferença, desinformação e interesses políticos e econômicos.

Séries sobre negacionismo científico:

1. “Chernobyl” (2019):

Mostra a negação inicial e o acobertamento científico e político após o desastre nuclear, evidenciando consequências devastadoras do negacionismo institucional.

2. “Years and Years” (2019):

Aborda mudanças climáticas, tecnologia e resistência à ciência em cenários distópicos.

Livros sobre negacionismo científico:

1. “O Mundo Assombrado pelos Demônios” – Carl Sagan:

Defende a educação científica como ferramenta para combater a superstição e o negacionismo.

Pode encontrar o livro aqui.

2. A revolta da Vacina: Mentes insanas em corpos rebeldes – Nicolau Sevcenko

Analisa o negacionismo em saúde pública, mostrando resistência popular e política à vacinação obrigatória no Brasil, resultando em epidemias e mortes.

Pode encontrar o livro aqui.

Como se preparar para qualquer redação com o CRIA?

Agora que você já sabe mais sobre repertório sociocultural sobre negacionismo científico, o CRIA pode ser a ferramenta ideal para esse processo. Mas o que é o CRIA?

O CRIA é um corretor de redação por inteligência artificial que utiliza modelos de aprendizado de máquina gerados por meio de redações escritas por alunos reais e corrigidas por professores.

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Mas o que o CRIA faz por você?

  • Análise instantânea da redação.
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Vamos começar? Então acesse aqui.

Perguntas frequentes: Repertório sociocultural sobre negacionismo científico

O que é negacionismo científico?

É a rejeição ou distorção de conhecimentos científicos estabelecidos, muitas vezes influenciado por crenças pessoais, ideológicas ou políticas.

Como o Positivismo influenciou o desenvolvimento científico no Brasil?

Ao desvalorizar a produção científica nacional e defender a importação de conhecimento, o Positivismo limitou o avanço acadêmico e científico no país.

Quais são as consequências do negacionismo climático?

Dificulta a implementação de políticas ambientais eficazes, compromete a saúde pública e agrava os impactos das mudanças climáticas.

Como utilizar filmes e obras filosóficas como repertório para redação?

Incorporando exemplos e conceitos dessas obras, é possível enriquecer a argumentação e demonstrar domínio do tema.

Quais são os principais exemplos de negacionismo científico no Brasil?

O Positivismo, a Revolta da Vacina e o negacionismo climático são exemplos históricos e contemporâneos desse fenômeno no país.

Referências:

[1] Revista Caderno Pedagógico. O negacionismo científico e suas controvérsias sobre a Ciência.

[2] Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT). Confiança na ciência no Brasil em tempos de pandemia.

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