Preparar-se para a redação do ENEM e outros vestibulares vai além de dominar a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. A chave para a nota máxima é aprofundar a sua argumentação com um repertório sociocultural sobre meritocracia e outros temas.
A meritocracia, a ideia de que o sucesso é fruto exclusivo do esforço individual, é um conceito amplamente debatido na sociedade. Embora pareça justo à primeira vista, ele ignora as desigualdades e privilégios que moldam as oportunidades de cada pessoa.
Neste artigo do CRIA, vamos desmistificar essa noção e te dar um arsenal de repertórios para usar na sua redação, mostrando que você tem uma visão crítica e aprofundada sobre o tema.
Aqui, você vai encontrar exemplos de filmes, séries, pensadores, dados estatísticos e fatos históricos que provam que o sucesso é muito mais do que apenas “querer é poder”.
O que é meritocracia?
A meritocracia é um modelo social que sustenta que o sucesso e o posicionamento de um indivíduo dependem exclusivamente de seu mérito, como esforço, competência e inteligência. Assim, o termo combina o latim meritum (“mérito”) com o grego kratos (“poder”).
Esse ideal ganhou força especialmente em sociedades democráticas modernas, por estar associado à liberdade de escolha, à autonomia e ao princípio de que todos teriam oportunidades iguais para competir. Assim, o sucesso seria visto como merecimento, e a ascensão social estaria aberta a qualquer pessoa disposta a se empenhar.
No entanto, pensadores como Michael J. Sandel chamam a atenção para os riscos da meritocracia. Segundo ele, esse modelo não apenas organiza a competição econômica, mas também moraliza o sucesso e o fracasso: os vencedores passam a ser considerados mais virtuosos, enquanto os perdedores são vistos como culpados por sua condição. [1]
Dessa forma, esse aspecto cria desigualdades simbólicas, reforça privilégios já existentes e pode corroer valores democráticos, pois nem todos partem, de fato, de condições iguais.
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Repertório sociocultural para redação do ENEM e vestibulares:
A redação nota 1000 não se faz só com uma estrutura perfeita. O que realmente diferencia o seu texto é a capacidade de usar exemplos concretos de diversas áreas do conhecimento. Por isso, preparei um arsenal de referências para você.
Aprenda a conectar filmes, séries, livros, dados e fatos históricos com os temas de redação. Esses exemplos não servem apenas para “enfeitar” seu texto, eles são a prova de que você tem uma visão de mundo crítica e aprofundada.
Filmes e Séries:
Estes exemplos são ótimos para introduzir a tese, pois a cultura pop é familiar a todos e facilmente identificável.
Parasita (2019):
O filme coreano é um dos repertórios mais poderosos para criticar a meritocracia. Ele mostra duas famílias, uma rica e uma pobre, e como o sistema social é construído de forma que a família pobre jamais terá a “oportunidade” de ascender por mérito, precisando usar de subterfúgios para se infiltrar no universo da família rica.
Nesse sentido, o filme não apenas expõe a desigualdade, mas questiona a própria ideia de que o trabalho duro leva ao sucesso quando as regras do jogo são tão desiguais.
Onde assistir? Prime Video
O Poço (2019):
Esta alegoria espanhola de ficção científica apresenta uma estrutura vertical onde a comida desce do topo. Aqueles que estão nos andares superiores comem à vontade, enquanto os que estão embaixo recebem migalhas.
Desse modo, o filme ilustra de forma brutal a falência do sistema meritocrático: a lógica da cooperação é ignorada em favor da competição, mostrando que o sucesso (comer) não é baseado em quem se esforça mais, mas em quem está em uma posição de privilégio.
Onde assistir? Netflix
Round 6 (2021):
A série sul-coreana aborda a meritocracia de forma explícita, mostrando pessoas endividadas competindo em jogos mortais. O jogo, supostamente justo e igualitário, ignora o fato de que todos os competidores são “perdedores” do sistema capitalista e estão em uma situação de vulnerabilidade extrema.
Nesse sentido, a série expõe a crueldade de um sistema que força as pessoas a competir em condições desumanas, maquiado por uma falsa igualdade de oportunidades.
Onde assistir? Netflix
Pensadores e Filósofos:
Citar um filósofo ou sociólogo demonstra um conhecimento aprofundado e confere autoridade à sua argumentação.
Pierre Bourdieu:
O sociólogo francês é uma referência central na crítica à meritocracia. Ele desenvolveu o conceito de capital cultural, que se refere ao conhecimento, habilidades e educação que uma pessoa adquire ao longo da vida e que a ajudam a alcançar o sucesso. [2]
Bourdieu argumenta que a escola e o sistema de ensino valorizam e reproduzem o capital cultural das classes dominantes, o que faz com que os alunos dessas classes tenham uma vantagem natural. O sucesso, para Bourdieu, não é apenas mérito, mas o acúmulo de capital cultural.
Michael Sandel:
Em seu livro A Tirania do Mérito, o filósofo político questiona a crença de que os bem-sucedidos “mereceram” seu sucesso. [3] Sandel argumenta que a meritocracia gera uma sociedade de vencedores e perdedores, onde os vencedores se tornam arrogantes e os perdedores são humilhados, pois a lógica meritocrática os culpa por seu próprio fracasso. A meritocracia, portanto, não apenas justifica a desigualdade, mas também corrói a solidariedade social.
Jessé Souza:
Em seu livro A Elite do Atraso, o sociólogo brasileiro critica a meritocracia como uma ideologia que legitima a desigualdade no Brasil. [4] Ele afirma que a ideia de meritocracia é usada para ignorar a história de escravidão, desigualdade e privilégios que moldaram a sociedade brasileira. A “meritocracia” brasileira, segundo Souza, é apenas uma máscara para o patrimonialismo e a exploração.
Dados e Fatos Históricos:
Números e eventos históricos tornam sua argumentação irrefutável.
Desigualdade de renda no Brasil (IBGE):
Utilize dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O relatório de 2023 mostrou que os 10% mais ricos do Brasil detêm quase 40% de toda a renda do país. [5]
Nesse sentido, esse dado é uma prova concreta de que o Brasil é uma das nações mais desiguais do mundo, o que dificulta a ascensão social por “mérito” e reforça a tese de que a meritocracia é um conceito falho na realidade brasileira.
Lei Áurea (1888):
A abolição da escravidão no Brasil foi um marco, mas a forma como ela ocorreu (sem reparação ou políticas de inclusão) é um excelente fato histórico para criticar a meritocracia. [6]
A Lei Áurea deixou milhões de ex-escravizados sem acesso à terra, educação ou emprego, criando uma desigualdade estrutural que perdura até hoje. É impossível falar de igualdade de oportunidades e meritocracia sem considerar o peso dessa história.
Como se preparar para qualquer redação com o CRIA?
Agora que você já sabe repertório sociocultural sobre meritocracia, o CRIA pode ser a ferramenta ideal para esse processo. Mas o que é o CRIA?
O CRIA é um corretor de redação por inteligência artificial que utiliza modelos de aprendizado de máquina gerados por meio de redações escritas por alunos reais e corrigidas por professores.
Além disso, o CRIA realiza previsões de notas por competência, análise de contexto na introdução, previsão de defesa de tese, previsão de fuga ao tema, previsão de intervenção, uso de parônimas e homônimas, etc.
Mas o que o CRIA faz por você?
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Perguntas frequentes sobre meritocracia:
É um modelo que atribui sucesso ao mérito individual — esforço, competência, inteligência
Foi cunhado por Michael Young em 1958 como crítica a uma sociedade elitista mascarada como justa.
Porque não considera desigualdades estruturais que impedem a igualdade de oportunidades.
Ela legitima privilégios e responsabiliza o indivíduo, ignorando fatores sociais e históricos.
Como repertório sociocultural para discutir desigualdade, justiça social, crítica ideológica e políticas compensatórias.
Referências:
[2] Fiocruz. Capital Cultural.
[3] Diego Lopes. As Injustiças da Meritocracia: Uma Análise a Partir de John Rawls e Michael Sandel.
[4] Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Jessé Souza e ‘A Elite do Atraso’.
[5] Agência Brasil. Renda dos 10% mais ricos é 13,4 vezes maior que dos 40% mais pobres.
[6] Planalto. Lei Áurea (1888).
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