Repertório sobre sedentarismo cognitivo

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O sedentarismo cognitivo é a falta de estímulo mental causada pelo uso excessivo de tecnologias e pela delegação do pensamento à IA. Esse fenômeno reduz a criatividade, a memória e o raciocínio, sendo um alerta sobre a importância de exercitar o cérebro ativamente.

Jovem absorta no smartphone em um quarto escuro. A cena noturna mostra uma pessoa com o cabelo bagunçado, sentada na cama e olhando intensamente para o celular, cuja luz fria ilumina seu rosto.

Nas últimas décadas, está ficando cada vez mais claro que os jovens adultos são o grupo que mais apresenta comportamentos relacionados ao sedentarismo cognitivo e físico, caracterizados por longos períodos de inatividade mental e corporal, como permanecer sentados ou deitados por horas.

O estilo de vida sedentário não compromete apenas o corpo, mas também a mente. Estudos mostram que o sedentarismo cognitivo tem um impacto direto sobre a saúde mental, elevando o risco de ansiedade, depressão e baixa produtividade cognitiva, além de reduzir os níveis de bem-estar emocional.

O que os estudos estão querendo dizer é que a exposição prolongada à inatividade, seja física ou mental, também está associada a distúrbios do sono, que frequentemente se tornam comorbidades em transtornos mentais.

Então, esse repertório sobre sedentarismo cognitivo busca instrumentar os estudantes para refletir como recursos de inteligência artificial, automação de tarefas e consumo rápido de conteúdo, são uma forma de “preguiça cognitiva” que compromete nossa capacidade de pensar, refletir e aprender com profundidade.

O que é sedentarismo cognitivo?

O sedentarismo cognitivo é a falta de atividades mentais desafiadoras, como ler, refletir ou resolver problemas, o que reduz gradualmente a capacidade intelectual, afetando memória, raciocínio e criatividade.

Com o avanço da inteligência artificial e da automação, esse fenômeno se intensifica, pois muitas pessoas passam a delegar o pensamento às máquinas, tornando-se cognitivamente dependentes delas.

Embora recente no uso popular, o conceito se relaciona a ideias antigas sobre reserva cognitiva, destacando a importância de manter o cérebro ativo para preservar o desempenho mental.

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A inteligência artificial afeta nossa capacidade cognitiva?

A inteligência artificial (IA) tem impacto direto sobre a capacidade cognitiva humana, sendo um tema crescente de investigação científica.

Um estudo recente, AI Tools in Society: Impacts on Cognitive Offloading and the Future of Critical Thinking (Michael Gerlich, ORCID), identificou uma correlação negativa significativa entre o uso frequente de ferramentas de IA e as habilidades de pensamento crítico, mediada principalmente pelo fenômeno do deslocamento cognitivo (cognitive offloading). [1]

O papel central do deslocamento cognitivo:

O deslocamento cognitivo ocorre quando delegamos tarefas mentais a ajudas externas, como assistentes virtuais, mecanismos de busca ou algoritmos de recomendação, para reduzir a carga cognitiva da memória de trabalho.

Embora essa delegação aumente a eficiência e libere espaço mental para tarefas mais complexas, o uso excessivo de IA pode diminuir o engajamento cognitivo e enfraquecer o desenvolvimento de habilidades intelectuais.

A pesquisa de Gerlich demonstrou que o deslocamento cognitivo medeia significativamente a relação entre o uso da IA e o declínio no pensamento crítico.

Em outras palavras, quanto mais a IA facilita a execução de tarefas, menor tende a ser o esforço mental humano, o que reduz o exercício do raciocínio e da reflexão profunda.

Impacto da IA no pensamento crítico:

O pensamento crítico, habilidade essencial para analisar, avaliar e sintetizar informações de forma racional, é uma das funções mais afetadas pela inteligência artificial.

O estudo identificou uma correlação negativa forte entre o uso de ferramentas de IA e o desempenho em tarefas de pensamento crítico.

A dependência excessiva da IA pode levar à erosão das habilidades analíticas, já que usuários tendem a aceitar respostas prontas sem questionamento, fenômeno conhecido como o problema da “caixa preta”.

Além disso, os algoritmos podem reforçar vieses e restringir a diversidade de perspectivas, prejudicando a capacidade de avaliação crítica.

Outras funções cognitivas afetadas pela Inteligência Artificial:

Além do pensamento crítico, a IA influencia diversas outras funções cognitivas, como:

  • Memória: o chamado efeito Google (ou memória transactiva) leva as pessoas a lembrarem onde encontrar uma informação, em vez da informação em si.
  • Atenção: notificações e atualizações constantes de sistemas inteligentes fragmentam o foco, promovendo o processamento superficial das informações.
  • Dependência cognitiva: a automação de tarefas complexas reduz a necessidade de praticar o raciocínio autônomo, favorecendo a passividade mental.

Fatores demográficos e estratégias de mitigação:

O impacto da IA sobre a cognição varia conforme idade, escolaridade e confiança nas tecnologias.

  • Idade: jovens entre 17 e 25 anos demonstram maior dependência da IA e níveis mais baixos de pensamento crítico.
  • Educação: níveis educacionais mais altos estão associados a maior capacidade de análise e menor vulnerabilidade ao deslocamento cognitivo.
  • Confiança: quanto maior a confiança nas ferramentas de IA, maior tende a ser o uso passivo e a consequente redução do engajamento mental.

Então, para mitigar os efeitos do sedentarismo cognitivo, é essencial promover educação digital crítica e incentivar o aprendizado ativo, combinando tecnologia com reflexão e análise independente.

O que o Brainrot tem a ver com tudo isso?

O brainrot (em português, “apodrecimento cerebral” ou “deterioração cerebral”) é um fenômeno crescente na era digital, caracterizado pelo declínio cognitivo e exaustão mental, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.

Embora não seja reconhecido formalmente como condição médica, seu impacto é real e documentado, sendo escolhido como Palavra do Ano de Oxford em 2024. [2]

Definição de Brainrot:

O brainrot pode ser definido como:

  1. Declínio cognitivo e fadiga mental decorrentes da exposição prolongada a conteúdos digitais de baixa qualidade.
  2. Resultado do consumo excessivo de material online trivial ou pouco desafiador, especialmente nas redes sociais.
  3. Uma deterioração percebida do estado mental e intelectual, que prejudica habilidades de atenção, memória e pensamento crítico.

Contexto histórico e relevância atual do termo brainrot

Embora o termo tenha se popularizado recentemente, a ideia central do brainrot, a deterioração intelectual, não é nova. Henry David Thoreau já mencionava, em 1854, a atrofia gradual da capacidade de pensar criticamente e de se concentrar.

Hoje, o fenômeno é mais observado na Geração Z (1995–2009) e na Geração Alpha (pós-2010), que passam horas imersos em telas e aplicativos de mídia social.

Quais são os fatores que contribuem para o Brainrot?

Três fatores principais impulsionam o brainrot na era digital:

1. Tempo excessivo de tela:

O excesso de tempo diário diante de telas, mais de 6,5 horas em média para bilhões de jovens conectados, está associado a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, e ao declínio da atenção e memória.

2. Vício em redes sociais:

Plataformas como TikTok, Instagram e Facebook usam circuitos de feedback dopaminérgicos para manter os usuários engajados, incentivando a rolagem contínua e criando hábitos de consumo passivo de conteúdo.

3. Sobrecarga cognitiva:

O volume incessante de informações, notícias, entretenimento e atualizações constantes, sobrecarrega a mente, levando à fadiga mental e à redução da capacidade de resolução de problemas e foco.

Comportamentos digitais associados ao Brainrot:

  • Doomscrolling: rolagem compulsiva de conteúdos negativos, elevando ansiedade, estresse e hipervigilância.
  • Zombie Scrolling: consumo passivo de conteúdo sem objetivo, promovendo distração e diminuindo a atenção sustentada.

Impactos do Brainrot nas funções cognitivas:

O brainrot afeta diretamente as funções executivas do cérebro, como memória, planejamento e tomada de decisões:

  • Memória: a retenção de longo prazo é prejudicada pelo consumo rápido e superficial de informações.
  • Atenção: interrupções constantes fragmentam o foco e reduzem a capacidade de engajamento profundo.
  • Resolução de problemas: a dependência de soluções digitais rápidas diminui a flexibilidade cognitiva e o pensamento analítico.

Documentários e livros sobre sedentarismo cognitivo:

O sedentarismo cognitivo tem se tornado um dos temas mais debatidos na era digital, refletindo o impacto do uso excessivo de tecnologia sobre o pensamento crítico e a saúde mental.

Assim, diversos documentários e livros têm explorado essa questão sob diferentes perspectivas, da influência das redes sociais ao esgotamento cerebral causado pela dopamina e pela hiperconectividade.

Então, as obras a seguir oferecem repertórios valiosos para compreender e citar o tema em redações e discussões contemporâneas.

1. O Dilema das Redes (2020)

O filme aborda o impacto perigoso das redes sociais na sociedade, na democracia e na humanidade como um todo. Ele traz entrevistas com ex-executivos, designers e especialistas em tecnologia do Vale do Silício (que trabalharam em empresas como Google, Facebook, Instagram, Twitter, etc.) que soam o alarme sobre como o modelo de negócios dessas plataformas, focado em maximizar o tempo de uso e prever/manipular o comportamento humano, leva a consequências negativas.

2. Nação Dopamina – Dra. Anna Lembke

O livro explora o paradoxo da vida moderna, onde vivemos em uma “era de excessos” e temos acesso sem precedentes a estímulos de alta recompensa e alta dopamina (como drogas, comida, jogos, compras, sexo e, principalmente, a tecnologia e as redes sociais).

3. Geração Tela – Uma geração doente?

O filme científico investiga os efeitos dessa exposição sem precedentes na história da humanidade. Por meio de pesquisas e dados científicos, o documentário busca distinguir entre as verdades verificadas e as falsidades em torno da polêmica. Assim, explorando as consequências na saúde mental, no comportamento e no desenvolvimento cognitivo, especialmente em crianças e jovens.

Hobbies e trabalhos manuais: combatendo o sedentarismo cognitivo e o brainrot:

Segundo Drauzio Varella, ter hobbies e realizar trabalhos manuais é essencial para estimular a mente e reduzir os efeitos negativos da rotina digital sobre o cérebro. Desse modo, atividades como pintura, jardinagem, costura, quebra-cabeças ou qualquer forma de criação manual ajudam a manter a atenção, a memória e a criatividade ativas, combatendo o sedentarismo cognitivo e o brainrot.

Além disso, dedicar tempo a hobbies promove bem-estar emocional, reduz o estresse e oferece um descanso saudável da exposição constante a telas e conteúdos digitais triviais. Incorporar essas práticas no dia a dia é uma forma comprovada de manter o cérebro engajado e resiliente frente aos desafios da era digital.

Modelo de redação: O desafio do sedentarismo cognitivo no Brasil

Introdução:

Nos últimos anos, a sociedade brasileira tem vivenciado uma crescente dependência de tecnologias digitais, fenômeno que, embora traga inegáveis benefícios, também tem contribuído para o avanço de um problema silencioso: o sedentarismo cognitivo. Esse termo se refere à redução do estímulo mental e da capacidade crítica decorrente da exposição passiva a conteúdos superficiais e do uso excessivo de ferramentas automáticas, como as inteligências artificiais. Nesse contexto, torna-se urgente discutir os desafios para combater o sedentarismo cognitivo no Brasil, uma vez que ele ameaça o desenvolvimento intelectual e o exercício pleno da cidadania.

Desenvolvimento 1:

Em primeiro lugar, a formação educacional limitada representa um obstáculo central. O sistema de ensino brasileiro, historicamente voltado à memorização e à repetição de conteúdos, pouco estimula o pensamento crítico e a resolução de problemas — habilidades essenciais para manter o cérebro ativo. Segundo dados do Instituto Península (2023), cerca de 70% dos professores afirmam que o uso pedagógico da tecnologia nas escolas ainda é superficial, centrado em tarefas mecânicas. Assim, a falta de incentivo à reflexão e ao debate contribui para uma geração que consome informação, mas raramente a processa de forma profunda.

Desenvolvimento 2:

Além disso, o excesso de tempo de tela e o consumo passivo de mídias agravam o problema. Fenômenos como o doomscrolling e o zombie scrolling, discutidos em estudos recentes sobre o chamado brain rot, reduzem a atenção e a capacidade de concentração dos indivíduos, especialmente entre jovens. A exposição constante a conteúdos fragmentados, típicos das redes sociais, cria um ciclo de estímulos rápidos que inibe o raciocínio complexo. O resultado é uma população mentalmente cansada, com dificuldade de foco e propensa à desinformação.

Conclusão:

Portanto, combater o sedentarismo cognitivo exige ações conjuntas entre Estado, escola e sociedade. O governo pode investir em políticas educacionais que promovam o pensamento crítico, ampliando o acesso a práticas de leitura, escrita e trabalhos manuais, como defende o médico Drauzio Varella, que ressalta a importância de hobbies para a saúde mental. Já as instituições escolares podem integrar o uso consciente da tecnologia às práticas pedagógicas, estimulando a autonomia intelectual dos estudantes. Por fim, campanhas públicas e mídias educativas podem conscientizar a população sobre os riscos do consumo digital excessivo.

Perguntas frequentes sobre o sedentarismo cognitivo:

O que é exatamente “sedentarismo cognitivo”?

É a inatividade mental provocada pela falta de estímulos desafiadores, quando delegamos pensar demais à tecnologia em vez de exercitar o cérebro.

Como a IA colabora para o sedentarismo cognitivo?

Ao fornecer respostas prontas e executar tarefas intelectuais, reduz a necessidade de reflexão, pesquisa e esforço mental próprio.

Dá tempo de reverter os efeitos do sedentarismo cognitivo?

Sim. Com prática deliberada, novos hábitos de esforço mental e estímulos constantes, é possível reconquistar agilidade cognitiva.

Quais atividades ajudam mais no combate ao sedentarismo cognitivo?

Leitura crítica, produção de textos próprios, resolução de problemas, debates, exercícios de lógica, aprendizado de novos domínios.

Posso usar IA de forma saudável sem cair no sedentarismo cognitivo?

Sim. A chave é usar a IA como complemento (ajuda, revisão, ideia) — após ter feito esforço mental inicial, não como substituta.

Referências:

[1] AI Tools in Society: Impacts on Cognitive Offloading and the Future of Critical Thinking

[2] Demystifying the New Dilemma of Brain Rot in the Digital Era: A Review

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